terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Os 10 espiões mais famosos da história

Judeu nascido no Egito, descendente de sírios e sionista, Eli Cohen é considerado um ícone da espionagem em um dos mais temidos serviços secretos do mundo, o israelense Mossad. Disfarçado de comerciante sírio que emigrou para a Argentina, ele conseguiu ser bem relacionado com os mais importantes homens da Síria nos anos 60. Convidado a integrar o alto-escalão governamental sírio, Cohen forneceu informações ultrasecretas ao governo de Israel. Graças a seus informes, o exército israelense tomou em menos de dois dias as colinas de Golan, ponto estratégico na Guerra dos Seis Dias travada por Israel contra Síria, Egito e Jordânia, em 1967.
Cohen foi descoberto por um serviço de contraespionagem soviético e acabou enforcado. Ser um espião tem esse risco fatal, mas tem também um pouco do glamour e muito da emoção que aparecem nos filmes de James Bond, o mais popular dos agentes secretos. A "profissão", que existe desde os tempos bíblicos e ganhou importância no fim da Idade Média com o surgimento dos estados nacionais, tornou-se fundamental para as grandes potências durante o século 20.

1. Mata Hari

Após dois casamentos fracassados, a perda de dois filhos e uma temporada na ilha indonesiana de Java, a holandesa Margaretha Geertruida Zelle resolveu virar uma exótica dançarina e cortesã nos clubes noturnos em Paris, sob o pseudônimo de Mata Hari. Sua dança e beleza seduziram políticos e oficiais de vários países europeus, que diz a lenda revelavam qualquer segredo sob seus encantos. No período de ouro que antecedeu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), conhecido como "belle époque", ela foi uma das figuras mais famosas em Paris. Amante de oficiais, diplomatas e governantes, ela teria sido uma espiã para os alemães ou uma agente dupla, trabalhando também para os franceses. Seu disfarce teria sido revelado a partir de uma interceptação de mensagens trocadas entre os alemães durante a Primeira Guerra Mundial e que estranhamente foram de fácil decodificação pelos franceses. A descoberta e o fuzilamento da espiã Mata Hari pode ter sido usado como bode expiatório numa época em que a moral da tropa e da população da França estava em baixa por conta da guerra.

2. Kim Philby

Os mais idealistas podem ser também os mais cruéis espiões. Harold Adrian Russel Philby é a prova disso. Britânico nascido na Índia em 1912, ele tonou-se comunista enquanto estudava no Trinity College, em Cambridge, nos anos 1930. Era uma época em que a União Soviética recrutava ocidentais simpatizantes do comunismo para ações de espionagem. Foi quando Philby e quatro de seus colegas universitários viraram espiões soviéticos, formando um grupo que ficou conhecido como "Os Cinco de Cambridge". Ao mesmo tempo, ele iniciou uma promissora carreira nos serviços secretos britânicos. Kim Philby, como gostava de ser chamado, foi durante quase três décadas um agente duplo, camaleônico, que por conta de sua crença nos ideais comunistas trabalhava muito mais a favor de Moscou, passando informações que minaram os planos de desestabilização dos governos comunistas planejados no Ocidente durante a Guerra Fria. Prestes a ser descoberto, ele desertou em 1963, fugindo para a Rússia onde virou "consultor" da KGB, serviço secreto soviético. Uma versão conta que o camarada Philby era visto com desconfiança pelos soviéticos que acreditavam que ele, na verdade, era um agente triplo: trabalhava para os ingleses, fingindo trabalhar para os soviéticos para de fato espionar para os ingleses. Outras versão diz que ele virou importante figura na KGB por ter revelado a identidade de vários espiões britânicos em solo soviético que acabaram assassinados. Ele morreu em 1988, em decorrência de problemas causados pelo alcoolismo.

3. Josephine Baker

Durante cinco décadas ela teve uma bem-sucedida carreira como cantora e dançarina. Mas durante a Segunda Guerra Mundial, além de entreter e encantar a audiência, essa artista nascida norte-americana, mas que escolheu a França como lar, trabalhou como espiã para a resistência francesa contra a ocupação nazista. Chamada de Vênus Negra, por conta de sua beleza e sensualidade, Josephine Baker não tinha muitos problemas para convencer os soldados nazistas a deixá-la atravessar as fronteiras. O que eles não imaginavam era que aquela bela mulher negra, famosa por seus trajes sumários e shows escandalosos, levava informações preciosas anotadas em tinta invisível em suas partituras. Sua beleza e coragem rendeu vários amantes e admiradores famosos, entre eles o arquiteto Le Corbusier, o artista plástico Pablo Picasso, o escritor Georges Simenon e o poeta E. E. Cummings. Além de agir como espiã, Baker foi também uma ativista dos movimentos pelos direitos civis e contra o racismo.

4. Valerie Plame

Traições são uma constante na vida dos espiões. E, às vezes, elas surgem onde menos se espera. O caso de Valerie Plame é exemplar disso. A agente secreta da Agência Central de Inteligência (CIA) teve sua identidade revelada por membros do alto-escalão do governo dos Estados Unidos em 2005. O provável motivo foi uma represália ao marido de Plame, o ex-diplomata Joseph Wilson por ele ter contestado dados usados pelo governo George W. Bush para justificar a invasão do Iraque. A revelação do nome da espiã foi feita pelo jornal Washington Post a partir de fontes do governo norte-americano. Como revelar o nome de um agente secreto é crime federal nos Estados Unidos, iniciou-se um processo de investigação que culminou na prisão de Lewis Libby Jr., um dos assessores mais próximos do vice-presidente Dick Cheney, e num polêmico debate sobre a proteção da identidade de fontes jornalísticas. Valerie Plame, especialista em espionagem sobre armas de destruição de massa, que teve a vida colocada em risco intencionalmente por membros do governo ao qual servia, é agora uma espiã aposentada. 
 
5. Juan Pujol

O desembarque da Normandia, o famoso "Dia D" que foi fundamental para a derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial, só teve o sucesso que teve graças à missão de um espião espanhol. Conhecido como Garbo, entre os ingleses, e Arabel, entre os alemães, Juan Pujol foi um agente duplo que fingia trabalhar para a Alemanha nazista, mas na verdade atuava para o serviço secreto britânico. Coube a ele repassar aos alemães informações falsas sobre o grande ataque aliado que estava sendo planejado, fazendo com que as tropas alemãs se concentrassem na região de Calais, enquanto os aliados desembarcavam em peso nas praias da Normandia. Antes disso, o governo alemão enviou altas somas de dinheiro para que Pujol montasse uma rede de espiões em solo britânico, grana que acabou financiando as ações de espionagem contra os próprios alemães. A confiança dos nazistas em seu agente Arabel era tal que ele chegou a ser condecorado. Juan Pujol, o homem que enganou Hittler, morreu em 1988, aos 76 anos de idade, em Caracas (Venezuela).

6. Julius e Ethel Rosenberg

Este foi um dos mais controversos casos de espionagem da história. O casal norte-americano Julius e Ethel Rosenberg foi acusado nos anos 1940 de passar segredos sobre o desenvolvimento da bomba atômica pelos Estados Unidos para a arqui-inimiga União Soviética. Eles foram condenados à morte e executados na cadeira elétrica em 1953. Durante todo o processo e até a execução, o casal alegou inocência e sempre ficou a dúvida se eles tinham mesmo espionado a favor dos soviéticos. Os dois foram membros da Liga Jovem Comunista onde se conheceram. Durante a Segunda Guerra Mundial, Julius teria tido acesso a documentos militares secretos, por meio de simpatizantes do comunismo que ele recrutou entre os participantes dos projetos. Um deles era o Projeto Manhattan que levou ao desenvolvimento da bomba atômica e neste caso um de seus colaboradores era o irmão de sua esposa. As dúvidas sobre a culpa de Julius praticamente desapareceram com a confissão de um dos conspiradores após vários anos na prisão. Em 2008, Morton Sobell afirmou que ele e Julius realmente trabalharam juntos para passar os segredos aos soviéticos. Mas até hoje persistem as dúvidas sobre se Ethel também era uma espiã.

7. Virginia Hall

Era pouco provável que ela fosse uma espiã. Mais improvável ainda que fosse uma das mais temidas pela poderosa Gestapo, a polícia secreta nazista. A norte-americana Virginia Hall era uma enfermeira em Paris que não tinha metade da perna esquerda, amputada por conta de um acidente, quando começou a Segunda Guerra Mundial. Com a invasão da França pelas tropas nazistas, ela se alistou no Serviço de Operações Especiais britânico. Nele, foi responsável por criar uma rede de espiões que trabalhavam para a resistência francesa. Após, juntou-se ao serviço secreto dos Estados Unidos com as missões de espionar e sabotar as operações nazistas, além de treinar grupos de guerrilheiros que causassem importantes danos às tropas alemãs. Disfarçada como camponesa, ela era uma das agentes aliadas mais caçadas pelos nazistas. Após o fim da guerra, Virginia casou-se com outro espião e trabalhou para a Agência Central de Inteligências (CIA). Ela morreu em 1982 aos 76 anos de idade.

8. Klaus Fuchs

Entre os vários espiões que agiram a favor da União Soviética por simpatizarem com o comunismo estava o físico alemão Klaus Fuchs. Ele ficou conhecido como o "espião da bomba atômica" ao espionar projetos militares britânicos e americanos para os soviéticos durante a Segunda Guerra Mundial e até o final dos anos 1940. Fuchs participou do Projeto Manhattan, que levou ao desenvolvimento das primeiras bombas atômicas norte-americanas, e trabalhou no Laboratório Nacional de Los Álamos (EUA). Ele teria entregue esboços de projetos de bombas, como a de hidrogênio, informações sobre o processamento de urânio e resultados de testes nucleares para agentes secretos soviéticos em território americano. A faceta de Fuchs como espião foi descoberta pelo serviço secreto britânico e ele foi condenado a 14 anos de prisão (pena máxima aplicada na Inglaterra a quem passasse segredos militares para uma nação "amiga" - e a União Soviética era oficialmente considerada aliada na época). Após sair da cadeia, Fuchs mudou-se para a Alemanha Oriental, onde ingressou no Partido Comunista e fez uma bem-sucedida carreira científica.

9. Robert Hanssen

Não é só o altruísmo ideológico que faz alguém espionar o próprio país. A ideia de ficar rico vendendo segredos de estado é uma das mais sedutoras formas de atrair espiões. Durante cerca de duas décadas, o agente do FBI Robert Philip Hanssen fez isso tendo como clientes a União Soviética e depois a Rússia. Hanssen é considerado o mais bem-sucedido agente duplo na história dos Estados Unidos. Conhecido como "B" pela KGB, serviço secreto soviético, Hanssen tinha como atribuição no FBI justamente identificar quem eram os agentes duplos que ali atuavam. A ação de Hanssen, junto com outro agente duplo da CIA Aldrich Ames, teria levado à prisão de três espiões norte-americanos no exterior, com a execução de dois deles. Hanssen forneceu aos soviéticos e russo dezenas de informações ultrasecretas sobre as operações de espionagem e contraespionagem de agências norte-americanas. Em duas das grandes operações de espionagem feitas por Hanssen, conforme citado em relatório do FBI, ele teria recebido cerca de U$S 1,4 milhão em dinheiro e diamantes. Hanssen foi preso em flagrante em 2001 num parque em Virgínia, enquanto tentava passar informações secretas para os russos, e foi condenado à prisão perpétua. No momento da sua detenção ele perguntou aos agentes: "por que vocês demoraram tanto?".

10. Dusan Popov

 James Bond, o charmoso, mortal e mais famoso agente secreto ficcional do mundo foi inspirado num jovem e rico playboy sérvio que agiu como espião de verdade para os ingleses durante a Segunda Guerra Mundial. Dusan Popov nasceu em 1912 em Titel, na atual Sérvia, e levava uma boa vida na então Iugoslávia, por conta da riqueza acumulada pelo seu pai, dono de várias indústrias. A ascensão dos nazistas, no entanto, fez Popov oferecer-se aos britânicos para trabalhar como espião, fazendo o papel de agente duplo junto aos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. Dessa forma, obteve importantes informações dos nazistas que repassou aos ingleses, assim como as remessas de dinheiro que recebia dos alemães para financiar suas operações de espionagem. Popov alertou os Estados Unidos sobre o ataque japonês a Pearl Harbor, ao ter acesso a um relatório nazista detalhando esse plano. Mas os americanos duvidaram da sua informação. Popov não deixou de ser um "bon vivant" enquanto foi espião. Tricíclo, seu codinome, seria uma referência ao seu costume de sempre estar com duas mulheres na cama e suas operações eram sempre muito caras, a ponto de numa delas ter comprado um apartamento na Park Avenue, em Nova York. Ian Fleming, criador de James Bond, conheceu Popov num cassino. O escritor, então trabalhando para o serviço secreto britânico, estava numa noite vencedora nas cartas, até que o espião-playboy entrou no jogo e faturou os US$ 50 mil que Fleming havia ganhado. Dusan "Dusko" Popov continuou um "bon vivant" após a guerra e morreu com 69 anos de idade na Côte D'Azur francesa.

Um comentário:

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